sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Confederação do Equador e a unidade brasileira

Por Clayton Ribeiro

Parte I

Confederação do Equador (1821-24)


Imagem da bandeira da Confederação do Equador, Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br/

Onde ocorreu: Nordeste brasileiro. Pernambuco foi o centro desse movimento.

Como era ensinado:

Até recentemente, acreditava-se que o processo de Independência do Brasil era homogêneo internamente e que havia um único empecilho para sua realização, Portugal. Assim, ensinava-se que o eventos que levaram à Independência ocorreram entre 1820, data da Revolução do Porto, até 1822, quando houve a separação de Portugal.

O Brasil, dizia-se, manteve sua unidade diante de Portugal devido a dois fatores primordiais: 1)a elite intelectual brasileira compartilhava dos mesmos ideais, pois tinha estudado nas mesmas instituições de ensino, no caso, em Portugal (Coimbra e Lisboa); 2)por outro lado, a base econômica, monocultura escravista, favorecia a união de interesses. Desse modo, o entrave a ser vencido era Portugal. Essa versão caiu por terra...

Como é ensinado hoje:

Na verdade, o processo de Independência foi mais complexo do que se pode imaginar. Primeiro, não havia uma unidade de pensamento na elite brasileira e, além disso, a economia apresentava nuances regionais que impediam a unificação dos interesses em torno do setor produtivo.

Outro ponto decisivo foi a reconstrução do poder depois da separação com Portugal, como seria a nova organização política? Em que base? Esse tornou-se o grande ponto de discórdia e, inclusive, de uma guerra civil! Ora, para uma parte da elite de Pernambuco, e de outros estados do Nordeste, trocar o absolutismo lusitano pelo de um imperador no Rio de Janeiro não fazia muito sentido. Era chegado o momento de tornar o poder menos centralizado, ou seja, com mais autonomia para as províncias. Porém, D. Pedro I não aceitou tal projeto. Começava então a fase mais aguda da crise que levaria ao conflito entre o Rio de Janeiro e Pernambuco e a formação de um bloco que apoiou esta última província, chamado de Confederação do Equador.

Em suma, o que estava em jogo era a forma de organização e divisão do poder entre duas modalidade bem distintas. O centralismo absolutista carioca e a autonomia confederada dos pernambucanos. Outros países da América do Sul tinham passado por dilema parecido; porém, na maioria deles, o absolutismo foi derrotado. Em 1824, o Rio sufoca a Confederação do Equador, a unidade ficou mantida mas, talvez, o preço tenha sido caro demais...

Nenhum comentário:

Postar um comentário