sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Às Escondidas

Por Marina Silva


Imagem de Marina da Silva, fonte: www.minhamarina.org.br/

A usina de Belo Monte, ao secar a Volta Grande do rio Xingu, expõe ao sol da opinião pública algo mais que o limo das pedras. A empresa canadense Belo Sun Mining, do grupo Forbes & Manhattan, pretende fazer ali o "maior programa de exploração de ouro do Brasil", investindo mais de US$ 1 bilhão para extrair quase cinco toneladas por ano do precioso metal.

Já no Relatório de Impacto Ambiental da usina constava o interesse de 18 empresas em pesquisa e exploração mineral na área, mas o Ibama achou esse dado irrelevante.

O licenciamento da mineração está sendo feito pelo governo do Pará. Tudo indica que o conhecimento do potencial mineral só é segredo para a população, os "investidores" têm o mapa da mina há tempos.

O Brasil vive uma nova "corrida do ouro", silenciosa e oculta da opinião pública, mas intensa ao ponto de fazer a atividade mineradora saltar de modestos 1,6% para expressivos 4,1% do PIB em só dez anos.

Nem é preciso dizer que esse aumento, embora inserido na ascensão brasileira na economia mundial, é continuidade da velha condição de colônia: as riquezas do subsolo brasileiro destinam-se, em sua quase totalidade, ao comércio exterior. As "veias abertas da América Latina" (feliz e triste expressão de Galeano) continuam sangrando.

Por trás dos grandes negócios e notórias fortunas, sempre financiadas e facilitadas pelo Estado, oculta-se um submundo de devastação ambiental e violência contra populações tradicionais.

O Congresso Nacional avoca para si o poder de demarcar terras indígenas e nelas licenciar atividades econômicas, enquanto discute um novo Código Mineral e a criação de uma agência para o setor.

Enquanto isso, pedidos de licenças para pesquisa e exploração continuam a ser concedidas aos que chegarem, em processo pouco transparente.

No Congresso, debate-se mudanças na lei para dificultar a demarcação de novas áreas de proteção (reservas, parques, quilombos, terras indígenas), diminuir o tamanho das já demarcadas e licenciar a exploração de suas riquezas. Na forma como são feitas, as mudanças atendem à demanda de grupos econômicos alheios aos interesses da sociedade e do país.

O governo entra com a negociação no varejo da política e as justificativas publicitárias do "interesse nacional" e da "inclusão social". À sociedade falta o que poucos detêm: informações profundas que possibilitam definições estratégicas que atendam a interesses mais amplos.

Na vida pública brasileira, o debate superficial das questões mais importantes se assemelha à infantilização promovida pelos candidatos que se oferecem para cuidar do povo. A conversa dos adultos, entretanto, é feita às escondidas. Até quando?

Fonte: Folha.uol.com.br

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Escola Agrícola de Bom Jesus tem a melhor nota entre as públicas do Ensino Médio do Piauí

Por Clayton Ribeiro

Segundo informações do jornalista Efrém Ribeiro, do Jornal Meio Norte, a Escola Agrícola de Bom Jesus obteve a nota 606.2, acima da média nacional de 511.2; além disso, ficou com a melhor posição entre as escolas públicas de Ensino Médio do Estado do Piauí. Com uma excelente infraestrutura, a Escola Agrícola de Bom Jesus possui 33 professores e 664 alunos. Porém, a diferença está na gestão. Outras escolas federais têm infraestrutura semelhante à escola de Bom Jesus, entretanto, não apresentam resultados do mesmo nível.

Para mais informações, ver: Jornal Meio Norte, página "B-1", 19 de setembro.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Governo brasileiro quer contratar 300 ex-pesquisadores da NASA. Salário inicial: 19 mil reais!

Por Clayton Ribeiro

A notícia saiu sábado (15/set) na coluna "Explanada", do jornalista Leandro Mazzini, que faz parte do jornal Diário do Povo do Piauí. O título da matéria é "Mercadante quer contratar 300 ex-NASA". Com o corte de gastos do governo dos E.U.A., muitos pesquisadores perderam o emprego por lá. Assim, o MEC se apressou em convidar muitos desses cientistas para trabalharem em instituições de ensino e pesquisa do Brasil. O salário é bom, 19 mil reais!!!

Em 1991, com o fim da ex-URSS (atual Rússia), vários pesquisadores de alto nível saíram deste país em busca de uma melhor remuneração em outros países. Muitos deles passaram a trabalhar em universidades públicas do Brasil.

Que bom! Durante muito tempo o Brasil sofreu com o fenômeno chamado "fuga de cérebros" do Terceiro Mundo, situação na qual os mais importantes pesquisadores dos países pobres emigravam para os países ricos. Porém, o valor oferecido aos cientistas norte-americanos (19 mil reais) chama a nossa atenção. Não que eles não mereçam. O problema é: por que nós não merecemos esse valor também? Com o aumento oferecido pelo governo, em 2015, doutores em final de carreira atingirão o salário de 17 mil reais. Ou seja, nem assim vão conseguir os salários oferecidos aos professores estrangeiros!!! A coisa piora em outro panorama. No início de carreira, um doutor ganha em torno de 8 mil, bem abaixo dos 19 mil iniciais ofertados aos pesquisadores ex-NASA.

A continuar a atual política de não-valorização dos profissionais da educação brasileira, o Brasil vai precisar cada vez mais importar talentos, pagando muito mais caro por eles...e ainda sim, a educação continuará de mal a pior...