terça-feira, 14 de agosto de 2012

Heródoto, "pai" da história ou dos historiadores?

Por Clayton Ribeiro

Três mil anos antes da existência de Jesus Cristo, reis egípcios já deixavam registros relativos aos fatos mais importantes de suas vidas e dos seus antepassados, assim como de suas famílias reais (dinastias), nascia a história. Ou seja, a história surge como uma narrativa oficial, tendenciosa aos donos do poder.


Imagem de Heródoto de Halicarnasso, retirada do blog: www.equipe01ftcead.blogspot.com.br/

Porém, na Grécia antiga alguns pensadores começam a estudar a história de modo independente, sem ligação ou benesses do Estado, temos o historiador. O primeiro historiador que se conhece a obra é o grego Heródoto de Halicarnasso (485-420); em decorrência disso, ficou conhecido como o "pai da história". Ele nos trouxe o famoso dito: "o Egito é uma dádiva do Nilo", entre outras coisas. As "Histórias", título da única obra de Heródoto que não se perdeu no tempo, mostram a história das origens da cultura grega, egípcia e persa, além de outras civilizações menores.


Cidade de Atenas, imagem: www.guiageo-grecia.com/

A palavra historiador vem de "hístor", testemunha. Entre os gregos, quando ocorria uma disputa judicial entre duas partes, a testemunha ocular, se houvesse, era chamada a contar sua versão dos fatos, pois em tese, não era tendenciosa. Assim, na essência da palavra, o historiador é aquele que declara um testemunho não tendencioso e independente dos fatos, sejam eles do passado ou do presente!!!

O método usado pelos historiadores do período herodotiano era o da autópsia ("eu vi", "eu vejo", em grego), ou seja, da pesquisa de campo. O pesquisador deve ir atrás das informações e avaliá-las "in loco". Outro método, menos confiável, era do "autékoo", "eu ouço", em que o historiador entrevistava pessoas conhecedoras da história e que tinham condutas probas, corretas. Desse modo, o historiador construía sua narrativa por meio da visão ("ópsis") e da audição ("autékoo"), em seguida, refletia ("gnóme") sobre as informações colhidas ("historíe").

Em síntese, Heródoto deveria ser chamado "pai dos historiadores" e não da história propriamente dita.

Bibliografia sugerida: HARTOG, François. O espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1999.

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