terça-feira, 16 de outubro de 2012

Lei de Cotas, populismo e a meritocracia.

Por Clayton Ribeiro

No dia 15 de outubro deste mês, ontem, a presidente Dilma sancionou mais uma lei favorável ao ingresso de estudantes afro-descendentes e de alunos da rede pública de ensino em universidades públicas por meio do sistema de cotas.

Pela nova lei, até 2016, 50% das vagas disponíveis para o Ensino Superior em instituições federais serão destinadas a alunos cotistas. Metade dessas vagas ficarão à disposição de alunos negros e, a outra metade, para alunos de escolas publicas. Isso é justo?

Não. O ensino público brasileiro cobre praticamente 100% das nossas crianças. Logo, o racismo não exclui brasileiros do Ensino Fundamental e nem do Ensino Médio. Na verdade, excludente é a qualidade do ensino público. Alunos egressos desse sistema não sabem, após 10 anos de estudo, interpretar, escrever um texto básico (introdução, desenvolvimento e conclusão), entre outras coisas. Ou seja, a lei de Cotas opera milagres? Não.

Desse modo, a nova lei tem o duplo objetivo: esconder a falta de qualidade do ensino público e, paralelamente, agradar aos mais prejudicados com o crime de abandono da educação pública, o aluno pobre ou de classe média baixa. Isso deu certo com Hugo Chávez, na Venezuela. Lá foram adotadas práticas semelhantes. O povo ficou feliz, os intelectuais também. Estes últimos afirmam que foi dado mais um passo para a superação de uma dívida histórica com os negros, indígenas, e seus descendentes. Porém, essa medida populista é uma falsa ajuda. Durante anos, os alunos ficam abandonados no Ensino Fundamental e Médio para, no final do processo, terem uma chance de ouro de ingressar em grandes universidades.


Imagem de Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Fonte: ultimosegundo.ig.com.br

Porém, o conhecimento não pode fugir da meritocracia. Aqueles que conseguem melhor desempenho, deveriam ter a melhor recompensa. Assim, o bom aluno não deve ser preterido, inferiorizado, por uma lei qualquer. Esses bons alunos serão provavelmente, no futuro, nossos pesquisadores de ponta. A distorção é absurda. Em vez de se favorecer a melhoria dos alunos com baixo desempenho, se cria uma lei para prejudicar os bons alunos!!! Que país é esse?...é a "Brasiuela".

4 comentários:

  1. Com todo o respeito que tenho pelo colega, e que não é pouco, peço humildemente que não faças críticas destrutivas às ações afirmativas em plano filosófico sem antes fazer um cuidadosa reflexão sobre este problema que remonta a Antifonte e passando de modo magistral por Aristóteles quando o mesmo estabeleceu a sua classificação da justiça em Ética a Nicômaco. A seguir, apresento alguns trechos que tenho escrito sobre o tema.

    Não temos torcida organizada e, nas condições que nos propusemos agir nesta campanha (sem gastar dinheiro algum e pregando eleição direta para todos os cargos comissionados e gratificados do IFPI) seria incoerência efetuar qualquer demonstração de força, seja com torcida organizada, doação de camisetas ou qualquer outro meio oneroso de propaganda. O que nossa candidatura propõe de modo muito claro é perguntar ao eleitor do IFPI se o mesmo quer que haja eleições diretas em nossa instituição.

    novembro 11th, 2011 at 1:34
    Ilustríssimo Aquino, leia mais sobre a diáspora africana e a triste realidade dos negros no Mundo. De 1889 para cá são apenas quatro gerações, irmão Aquino. Irmão Aquino, em termos estatísticos, os ricos de hoje são os descendentes dos mercadores de escravos. E os pobres de hoje são os africanos e os descendentes dos que foram escravizados. Irmão Aquino, as cotas não têm como objetivo ajudar nenhum negro individualmente, e sim, o conjunto, para que os grupos “afrodescendentes” e “não afrodescendentes”, possam brincar na gangorra. O último grupo está atualmente tão pesado, irmão Aquino, que o outro não pode brincar e nem ficar sério com ele. Irmão Aquino, as ações afirmativas cessam quando for possível a oscilação da gangorra. Irmão Aquino, desde os anos 1960 o Brasil é signatário de várias convenções internacionais sobre o tema, e só agora começou a cumprir estes tratados, os quais têm sido sistematicamente cumpridos em outros países, inclusive pelo Vaticano através das atividades de seus padres mundo afora. Irmão Aquino, nada se criou no Brasil a este respeito, todas estas políticas afirmativas estão estabelecidas nos artigos destas convenções. Irmão Aquino, foram muitos filósofos, pessoas da envergadura intelectual de Martin Luter King, Bertrand Russel, Papa João Paulo II, Jurgen Habermas, Miguel Reale. Irmão Aquino, foram as antenas da raça humana que estabeleceram estas políticas públicas. Irmão Aquino, a Igreja considera que a diáspora africana foi um crime praticado diretamente contra DEUS, ao qual eu imploro para que te ilumine nestes estudos.

    Lossian Miranda
    agosto 14th, 2012 at 0:26
    Se carecas só originassem carecas e os mesmos tivessem sido escravizados de modo que ainda hoje existíssem terríveis seqüelas sociais advindas desta escravização, com certeza a justiça distributiva aristotélica deveria ser aplicada. Esta escravização jamais ocorreu com os alemães brasileiros e muito menos com os carecas. No entanto, devemos estar eternamente vigilantes, pois a escravização é o ápice do poder do tirano. E tiranos sempre existirão. E dependendo das circunstâncias, poderão escravisar qualquer um, inclusive os carecas.

    É bom estudarmos este tema, pois ele é recorrente na história da Humanidade, sendo aplicado a variadas situações. A questão abstrata é a JUSTIÇA DISTRIBUTIVA, acerca da qual falou Aristóteles em Ética a Nicômaco, quando aplicou a teoria das proporções de Eudoxo à teoria da justiça. Para os admiradores da filosofia alemã recomendo http://digital-b.ub.uni-frankfurt.de/frontdoor/index/index/docId/24907 para o estudo deste tema.

    Leia também:

    http://pyaugohy.blogspot.com.br/2012/10/dilma-rousseff-e-representacao-lossian.html


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  2. Novembro 11th, 2011 at 1:34 (Comentário na Tribuna da Imprensa).
    Ilustríssimo Aquino, leia mais sobre a diáspora africana e a triste realidade dos negros no Mundo. De 1889 para cá são apenas quatro gerações, irmão Aquino. Irmão Aquino, em termos estatísticos, os ricos de hoje são os descendentes dos mercadores de escravos. E os pobres de hoje são os africanos e os descendentes dos que foram escravizados. Irmão Aquino, as cotas não têm como objetivo ajudar nenhum negro individualmente, e sim, o conjunto, para que os grupos “afrodescendentes” e “não afrodescendentes” possam brincar na gangorra. O último grupo está atualmente tão pesado, irmão Aquino, que o outro não pode brincar e nem ficar sério com ele. Irmão Aquino, as ações afirmativas cessam quando for possível a oscilação da gangorra. Irmão Aquino, desde os anos 1960 o Brasil é signatário de várias convenções internacionais sobre o tema, e só agora começou a cumprir estes tratados, os quais têm sido sistematicamente cumpridos em outros países, inclusive pelo Vaticano através das atividades de seus padres mundo afora. Irmão Aquino, nada se criou no Brasil a este respeito, todas estas políticas afirmativas estão estabelecidas nos artigos destas convenções. Irmão Aquino, foram muitos filósofos, pessoas da envergadura intelectual de Anaxágoras, Antifonte de Atenas, Martin Luter King, Bertrand Russel, Papa João Paulo II, Jurgen Habermas, Miguel Reale. Irmão Aquino, foram as antenas da raça humana que estabeleceram estas políticas públicas. Irmão Aquino, a Igreja considera que a diáspora africana foi um crime praticado diretamente contra DEUS, ao qual eu imploro para que te ilumine nestes estudos.
    Agosto 14th, 2012 at 0:26 (Comentário na Tribuna da Imprensa)
    Se carecas só originassem carecas e os mesmos tivessem sido escravizados de modo que ainda hoje existissem terríveis sequelas sociais advindas desta escravização, com certeza a justiça distributiva aristotélica deveria ser aplicada. Esta escravização jamais ocorreu com os alemães brasileiros e muito menos com os carecas. No entanto, devemos estar eternamente vigilantes, pois a escravização é o ápice do poder do tirano. E tiranos sempre existirão. E dependendo das circunstâncias, poderão escravisar qualquer um, inclusive os carecas.
    É bom estudarmos este tema, pois ele é recorrente na história da Humanidade, sendo aplicado a variadas situações. A questão abstrata é a JUSTIÇA DISTRIBUTIVA, acerca da qual falou Aristóteles em Ética a Nicômaco, quando aplicou a teoria das proporções de Eudoxo à teoria da justiça. Para os admiradores da filosofia alemã recomendo http://digital-b.ub.uni-frankfurt.de/frontdoor/index/index/docId/24907 para o estudo deste tema.


    Domingo, 14 de outubro de 2012 (artigo em pyaugohy.blogspot.com.br)
    http://pyaugohy.blogspot.com.br/2012/10/dilma-rousseff-e-representacao-lossian.html

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  3. Muito obrigado pelo comentário Lossian Miranda. Penso que nós comungamos da mesma preocupação com os afrodescendentes, porém, existem caminhos e caminhos a serem seguidos, pois não existe um único conceito de justiça, transcendental, como queriam os iluministas desde o inglês Thomas Hobbes.

    Por isso, reconheço a validade do seu conceito de justiça social, mesmo que não concorde com ele. Porém, a forma como está sendo encaminhada a questão pelo governo nos deixa preocupado. Ora, o ensino público deve ser de qualidade, para todos os pobres, afrodescendentes ou não. As cotas diminuem o número de pessoas negras e indígenas ou pobres que poderiam entrar na universidade, se elas tivessem uma educação de qualidade, a despeito das cotas.

    As cotas não vão trazer educação de qualidade para os afrodescendentes, então por que se fixar nelas como se isso fosse uma grande medida? A cidadania, que se aprende na escola também, é um direito universal, mesmo para aqueles que não vão fazer vestibular. Eles devem ter sua autonomia intelectual, ainda que não queiram ter um diploma debaixo do braço. Até porque, sem uma formação crítica, é muito mais fácil ser manipulado por programas ou medidas de caráter populistas e eleitoreiras. Ora, se até os ditos intelectuais caem nesse engodo, imagine...

    Por fim, quero compartilhar com o senhor uma humilde referência, mas atual e moderna, do escritor indiano Amartya Sen, cujo título do livro é "A idéia de Justiça". Muito grato.

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  4. O mal uso que fazem das coisas boas não as tornam más, apenas tornam mais maus os que fazem estes maus usos.

    Exatamente por isto, digo que não devemos fazer a crítica destrutiva no plano filosófico. Pois assim fazendo, corremos o risco de condenarmos os objetos e esquecermo-nos dos sujeitos que os manipulam.

    Esta turma dos mensalões fazem isto com maestria perante a grande maioria da população.

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