domingo, 11 de novembro de 2012

Zé Didor e o patrimônio histórico piauiense

Por Clayton Ribeiro

Zé Didor, antiquário, residente em Campo Maior, 80 km de Teresina, possui várias fontes históricas de origem particular e/ou pública. Material esse fruto de doações particulares e públicas, segundo ele mesmo conta. Durante décadas, Zé Didor vem juntando material sobre a História do Piauí e do Brasil. Com a permissão de um juiz de Campo Maior, o mais famoso antiquário do Piauí pôde se instalar em um prédio público abandonado, a velha estação ferroviária do município em que reside. Esse homem bem que poderia ser considerado um dos grandes piauienses interessados em preservar a nossa história e/ou memória, porém, a figura do Zé Didor está longe disso.


Estação ferroviária de Campo Maior onde são vendidos documentos históricos do Piauí. Crédito da imagem: www.estacoesferroviarias.com.br

O famoso Museu Zé Didor, na verdade, não tem nada de museu e tudo lá está à venda ou para aluguel. Para piorar a situação, algumas autoridades públicas - sem noção da importância do valor do patrimônio histórico piauiense - doaram documentos e fontes históricas de inestimado valor acadêmico do século XVIII e XIX, entre outros, para esse antiquário. Inúmeros pesquisadores, jovens ou experientes, perderam tempo procurando o irreverente Zé Didor. Desconfiado, o "proprietário" das fontes históricas estabelece valores para se fazer pesquisa. Cobra para se copiar imagens. Os valores são absurdos: 200 reais por uma cópia de fotografia, por exemplo.

Como a maioria das fontes históricas em posse do Zé Didor tem mais valor científico do que econômico, todos os documentos (e fontes) estocados na estação ferroviária ficam a esperar compradores que quase nunca chegam. Enquanto isso, ficam jogados, perdendo rapidamente suas propriedades físicas sem o devido acondicionamento. Dentro de pouco tempo, nada sobrará. Enfim, o que era para ser uma ajuda, virou um estorvo.

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