No período colonial brasileiro (1500-1808), o Piauí era um dos maiores produtores de gado, fato ignorado durante muito tempo pela historiografia brasileira.
Com a descoberta de ouro na região das Minas Gerais - que corresponde atualmente ao território dos estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais - no final do século XVII (1693), houve uma drástica mudança na dinâmica da economia do império português, assim como da economia interna do Brasil.

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Desse modo, Portugal, com o ouro e o diamante (1729) das Minas Gerais, foi alçado à condição de potência econômica da Europa. As cidades mineiras de Diamantina (norte de Minas) e Ouro Preto (região central, próximo da capital mineira), maiores centros de produção de diamante e ouro do período colonial, passaram a centralizar a demanda por escravos e alimentos (carne de gado). O preço destes fatores disparou.
Entretanto, com o ouro veio o descaminho, ou seja, a fraude no pagamento do tributo devido ao rei, chamado de quinto do ouro e que era de 20% (1/5). O Estado português tentou controlar o descaminho do ouro, proibindo a comercialização do ouro em pó e da produção de qualquer tipo de moeda de valor (ouro ou prata). Além disso, todo o ouro deveria ser obrigatoriamente vendido ao Fisco, órgão responsável pelo tesouro português.

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Tais medidas não conseguiram evitar a enorme quantidade de ouro desviado do Fisco; alguns especialistas em economia colonial chegaram a afirmar, surpreendentemente, que até 80% do ouro produzido era descaminhado!!! Qual era o caminho desse ouro fraudado?
A forma mais usada para o descaminho do ouro foi a compra de gado da Bahia e do Piauí. O gado chegava a Minas Gerais pela Estrada Real - que fazia a rota Bahia-Minas - e era trocado por ouro em pó. Desse modo, o ouro mineiro ajudou a consolidar a posição do Piauí e da Bahia como centros de produção de gado da colônia. Oeiras, a primeira capital do Piauí, centralizava a produção de bovinos neste estado.
A pujança dessa economia pode ser melhor compreendida quando da expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759; neste ano, o governo português incorporou cerca de 30 fazendas de gado dessa ordem religiosa somente no Piauí. Juntas, estas fazendas englobavam milhares de cabeças de gado!!!
Muito Bom! Simples é claro, porem muito resumido. Mas de qualquer forma me foi muito útil. Portanto muito obrigado. Comprimentos...
ResponderExcluirPor: (https://www.facebook.com/iron.manoel)
Professor Clayton,
ResponderExcluirLi seu breve resumo sobre a história do gado do Piauí e o contrabando de ouro para a Bahia e, até quem sabe, para o Piauí.
peço licença para lhe informar que acabo de escrever um livro sobre a história da introdução do gado no Brasil, com enfoque na formação da raça Curraleiro Pé-Duro, cuja a associação de criadores é sediada em Teresina-PI, da qual sou membro e diretor.
Lançarei este livro em Teresina provavelmente no início de dezembro, pouco antes da EXPOAPI.
É uma obra extensa e aborda diversos temas correlatos da história do Brasil e a pecuária ( são 950 páginas, em dois tomos).
Se você se interessar mande seu email para o convite na data que se der o evento.
Meu nome: Hermes de Paula
email: cavarureta@gmail.com