sábado, 17 de novembro de 2012

EUROPA: taxas econômicas continuam em queda

Por Clayton Ribeiro

Neste sábado, na 22ª Cúpula Iberoamericana, a presidente Dilma Rousseff cobrou uma mudança nos rumos da política econômica da Europa, que tem sido bastante conservadora, e lembrou que o Brasil fez os ajustes necessários no passado, na década de 1980.

Na zona do euro, optou-se pela redução de salários, aumento de impostos, perda de benefícios sociais, etc, então, Dilma apresentou a única solução que ela conhece: facilitação do crédito; aumento dos gastos públicos, entre outras coisas. A presidenta do Brasil também falou sobre o incentivo a maior divisão de renda nos países europeus.


Imagem da presidente Dilma Rousseff. Crédito da imagem: documentoreservado.com.br

Entretanto, é preciso se ressaltar vários aspectos. O Brasil não precisou fazer ajustes no mesmo grau que os países europeus, pois aqui nunca houve Estado do Bem-Estar Social, ou seja, investimentos pesados em saúde, educação e benefícios trabalhistas. O Brasil apenas teve que cortar gastos desnecessários com estatais ou com a corrupção exagerada. Depois, em 1994, com o Plano Real controlou-se a inflação, que era na verdade hiperinflação. Com o controle da inflação, o governo fez uma opção importante, a ampliação do mercado de consumo, incluindo a classe média baixa. Essas medidas deram um fôlego para a nossa economia, mas não foram suficientes elevar o país à categoria de supereconomia. Essa condição somente foi possível com a expansão do agronegócio e da exploração do petróleo.

Bom, a nossa situação hoje em dia é um pouco diferente. Nosso mercado interno está praticamente saturado, sendo uma parte considerável dele formado por milhões de brasileiros que dependem da transferência de renda, ou seja, não têm trabalho. Assim, o nosso mercado de consumo depende cada vez mais da melhoria da renda da população, mas isto não ocorrerá sem a criação de empregos formais, com direitos trabalhistas. Para isso, o país depende da abertura de novas fábricas ou de empresas, etc. A exportação de produtos com tecnologia - e de alto valor agregado - será a maneira mais rápida para se conseguir isso, porém o Brasil tradicionalmente não investe nesse setor. Notícias boas não vão chegar da noite para o dia. O investimento em desenvolvimento de tecnologia leva anos e consome muito, muito, muito dinheiro.

Enquanto isso, os europeus investiram pesadamente em educação, saúde e benefícios trabalhistas. Porém, o mercado interno europeu já tinha atingido seu pico ainda antes da 2ª Grande Guerra. Assim, a Europa não tem mais a opção de aumentar o mercado interno, opção esta que em pouco tempo também não poderemos contar. O Velho Continente não pode apelar para o agronegócio. As exportações de produtos manufaturados dos europeus estão em queda livre, a China é um competidor muito difícil de ser vencido nesse campo. Como se vê, a situação dos europeus é muito delicada. Por isso a mudança tem ser interna, a melhoria vai quase imperceptível e ainda haverá muita luta dos trabalhadores. Mas é preciso ser feito algo impopular!

Desse jeito, a presidente Dilma deveria ser um pouco mais humilde e conhecer melhor nossa história econômica recente, assim como a dos europeus.

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