IDADE MÉDIA E MODERNA: No final da Idade Média criou-se o costume, em alguns Estados europeus, como na Inglaterra e na França, dos reis praticarem a cura de determinadas doenças dos seus súditos: eram os reis taumaturgos, ou seja, que operavam milagres, cura de doenças - como acreditava-se -, a partir do toque em algum objeto real como, por exemplo, uma aliança usada pelo rei.
A percepção de que os reis eram pessoas especiais vem de longe. Os faraós do Egito Antigo se consideravam seres sagrados; muitos imperadores romanos cultuavam suas imagens à semelhança dos deuses.
Mas, no final da Idade Média, por volta do século XII, alguns reis foram mais longe e passaram a promover eventos públicos de cura dos súditos do reino. Tais rituais reais perduraram até o século XVIII. No início, o rei recebia os doentes quase que diariamente, porém, com o crescimento da multidão, reduziu-se para um dia por semana apenas.
Somente se recebia os portadores de escrófulas, nome genérico dado aos pacientes que tinha inflamação das glândulas linfáticas; porém, a escrófula na verdade era a tuberculose, como se ficou sabendo depois.
A origem desses ritos curativos estava na consagração feita pela Igreja Católica aos reis cristãos aliados e protetores desta instituição.
Para o historiador Marc Bloch (1866 - 1940), quase nunca os doentes desconfiavam do poder de taumaturgo dos reis.
Duas situações poderiam ocorrer. A doença regredir em seus sintomas externos, dando a sensação de recuperação plena, ou, por outro lado, o súdito, quando não melhorava dos sintomas, tendia a crer que a culpa pelo fracasso do rito estivesse nele e não no rei taumaturgo!!! Assim, provavelmente, esse infeliz tentaria de novo, na próxima oportunidade, ser curado pelo rei.
Fonte: BLOCH, Marc. Os reis taumaturgos. – tradução de Júlia Mainardi, 3ª reimpressão – São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 433p.
porque as pessoas acreditava que o rei curava
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