segunda-feira, 9 de abril de 2012

HISTÓRIA - Arte médica no Brasil colonial - remédio para calvície: "sebo de homem esquartejado"

A escassez de médicos, ou de medicamentos, e a deterioração dos remédios, eram apenas alguns dos problemas enfrentados pelos moradores do Brasil no século XVIII. Para compensar um pouco esses empecilhos, os responsáveis pela saúde pública na colônia procuraram aproveitar a cultura médica brasileira, informal.

Além disso, as doenças - pensava-se na época - poderiam ter causas externas, sobrenaturais; por isso, como afirma a historiadora Márcia Moisés Ribeiro, em sua dissertação de mestrado (ver em anexo), "o uso de amuletos e a larga utilização de plantas e animais na confecção das mezinhas (receitas caseiros) eram comuns não apenas nos meios populares, mas também em importantes tratados de medicina.

Assim, populares recorriam frequentemente a africanos, índios e mestiços, versados em magia, para curarem-se das doenças.

Observem alguns remédios indicados pelos médicos, farmacêuticos e cirurgiões do século XVIII:
-contra alcoolismo - "tomem a cabeça de um cordeiro com lã, osso e dentes e uma mão cheia de cabelos de qualquer homem, a que se ajuntará um quartilho de sangue do mesmo cordeiro com o fígado de uma enguia [...] e tudo se meta em uma panela nova [...]". (p.59)
-contra a calvície - "é experiência certissima que rapada a cabeça à navalha quatro ou cinco vezes, e untá-la com sebo de um homem esquartejado, ou com o seu óleo por tempo de um mês faz nascer cabelo..." (p.59)

Fonte: RIBEIRO, Márcia Moisés. A ciência dos trópicos: a arte médica no Brasil do século XVIII. São Paulo: Hucitec, 1997. 150 páginas.

Um dos mais importantes tratados médicos do período colonial:
Luís Gomes Ferreira. Erário mineral; dividido em doze tratados. Lisboa: Oficina de Miguel Rodrigues, 1735.

Ainda falaremos mais sobre esse livro...


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